quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Note que a nota mais alta é notada nas notáveis escolas federais...

Saíram as notas do ENEM e a surpresa foi grande. Muitas exposições sobre baixo desempenho, sobretudo na redação que eu, particularmente, achei um tema muito bom de trabalhar, mas isso não vem ao caso. O que achei mais valioso nisso tudo foi o fato das escolas federais terem obtido o maior resultado dentre as instituições. Mas seria este um ponto a se comemorar ou seria algo para nos entristecer?

Vemos que as instituições de ensino federal promovem uma educação de qualidade, com professores remunerados de forma mais satisfatória que as escolas públicas municipais e estaduais e nos questionamos o que eles fazem para fornecer um aprendizado mais qualificado. As respostas podem vir de diversos lados, mas basicamente é porque a educação nestas instituições é conduzida da maneira como deveria ser em todos os níveis públicos. Logo, a análise breve promove a conclusão de que a federalização como alternativa ao sistema educacional público que temos é o melhor caminho.

Segundo dados apurados pelo Senador Cristovam Buarque, ex-ministro da Educação no governo Lula, é possível federalizarmos o sistema absorvendo em torno de 9% do PIB e correspondendo, com isso, as diretrizes orçamentárias relativas a educação. Com isso, a União ofereceria um sistema de ensino onde deixaria ao menos equalizada as oportunidades para pessoas de diferentes classes. O que assistimos hoje é um abismo que separa o ensino público do privado, onde o aluno de escola pública, quando quer ter mais chances em provas de vestibular ou concurso, paga um curso preparatório para concorrer com aqueles que possuem maior saúde financeira.

O que precisamos não é fomentar a discórdia ou a luta de classes. Antes disso, devemos nutrir gerações inteiras de um aparato intelectual potente, onde o dinheiro é secundário. Precisamos adotar a educação como a maior bandeira nacional, tendo em vista que o investimento neste setor gera economia em segurança, saúde e diversas outras áreas. Jamais seremos impotentes diante da perspectiva de melhoria social, principalmente quando se trata de um caminho tão glorioso como o do engrandecimento do intelecto de nosso povo.

É necessária uma reforma educacional onde o modelo seja repensado. Vemos jovens ingressar na escola e dela saírem por pura obrigação, sem perceber o real valor da instrução que lhes é dada. Para isso, é necessário capital e o Estado o tem. Precisamos antes de qualquer coisa de uma mobilização nacional em prol da reforma educacional, porque assim as demais reformas virão naturalmente por intermédio de uma sociedade mais homogênea e instruída. É fundamental que esteja nas mãos de intelectuais sérios e comprometidos a missão de serem os depositários do conhecimento que deve se perpetuar em solo brasileiro. Vemos hoje um ensino seletivo que mostra aos nossos jovens uma realidade, por vezes, muito distorcida daquilo que realmente acontece no Brasil e no mundo.


A partir do instante em que ricos e pobres estudarem em uma mesma escola sem diferença de classe, encarando-se de igual para igual, promoveremos uma verdadeira revolução. E esta será linda e pacífica, talvez tortuosa em seu princípio, mas ainda assim nos renderá doces frutos em um futuro não tão distante. Quando o filho do bóia fria estudar na escola do filho do latifundiário, quando o filho do servente estudar na escola do diretor da multinacional, quando meu filho estudar na escola do filho dos parlamentares, estaremos em um caminho de tijolos amarelos onde ao final obteremos coragem para lutar, cérebro para pensar e o principal, coração para amarmos uns aos outros de maneira igualitária.