Saíram as notas do ENEM e a surpresa foi grande. Muitas exposições
sobre baixo desempenho, sobretudo na redação que eu, particularmente, achei um
tema muito bom de trabalhar, mas isso não vem ao caso. O que achei mais valioso
nisso tudo foi o fato das escolas federais terem obtido o maior resultado
dentre as instituições. Mas seria este um ponto a se comemorar ou seria algo
para nos entristecer?
Vemos que as instituições de ensino federal promovem uma educação de
qualidade, com professores remunerados de forma mais satisfatória que as
escolas públicas municipais e estaduais e nos questionamos o que eles fazem
para fornecer um aprendizado mais qualificado. As respostas podem vir de
diversos lados, mas basicamente é porque a educação nestas instituições é
conduzida da maneira como deveria ser em todos os níveis públicos. Logo, a
análise breve promove a conclusão de que a federalização como alternativa ao
sistema educacional público que temos é o melhor caminho.
Segundo dados apurados pelo Senador Cristovam Buarque, ex-ministro da
Educação no governo Lula, é possível federalizarmos o sistema absorvendo em
torno de 9% do PIB e correspondendo, com isso, as diretrizes orçamentárias
relativas a educação. Com isso, a União ofereceria um sistema de ensino onde
deixaria ao menos equalizada as oportunidades para pessoas de diferentes
classes. O que assistimos hoje é um abismo que separa o ensino público do
privado, onde o aluno de escola pública, quando quer ter mais chances em provas
de vestibular ou concurso, paga um curso preparatório para concorrer com
aqueles que possuem maior saúde financeira.
O que precisamos não é fomentar a discórdia ou a luta de classes. Antes
disso, devemos nutrir gerações inteiras de um aparato intelectual potente, onde
o dinheiro é secundário. Precisamos adotar a educação como a maior bandeira
nacional, tendo em vista que o investimento neste setor gera economia em
segurança, saúde e diversas outras áreas. Jamais seremos impotentes diante da
perspectiva de melhoria social, principalmente quando se trata de um caminho
tão glorioso como o do engrandecimento do intelecto de nosso povo.
É necessária uma reforma educacional onde o modelo seja repensado.
Vemos jovens ingressar na escola e dela saírem por pura obrigação, sem perceber
o real valor da instrução que lhes é dada. Para isso, é necessário capital e o
Estado o tem. Precisamos antes de qualquer coisa de uma mobilização nacional em
prol da reforma educacional, porque assim as demais reformas virão naturalmente
por intermédio de uma sociedade mais homogênea e instruída. É fundamental que
esteja nas mãos de intelectuais sérios e comprometidos a missão de serem os
depositários do conhecimento que deve se perpetuar em solo brasileiro. Vemos
hoje um ensino seletivo que mostra aos nossos jovens uma realidade, por vezes, muito
distorcida daquilo que realmente acontece no Brasil e no mundo.
A partir do instante em que ricos e pobres estudarem em uma mesma
escola sem diferença de classe, encarando-se de igual para igual, promoveremos
uma verdadeira revolução. E esta será linda e pacífica, talvez tortuosa em seu
princípio, mas ainda assim nos renderá doces frutos em um futuro não tão
distante. Quando o filho do bóia fria estudar na escola do filho do
latifundiário, quando o filho do servente estudar na escola do diretor da
multinacional, quando meu filho estudar na escola do filho dos parlamentares,
estaremos em um caminho de tijolos amarelos onde ao final obteremos coragem
para lutar, cérebro para pensar e o principal, coração para amarmos uns aos
outros de maneira igualitária.
Parabéns!!
ResponderExcluirNo Brasil habitualmente a Educação é apenas um belo discurso de palanque, e isso independente de partido.
Embora eu não seja defensor do partido no Governo Federal, reconheço que pelo jeito só ele está fazendo a sua parte.
Obrigado pelas congratulações Luiz! Na realidade não vejo que seja somente o governo fazendo a sua parte, percebo antes disso que é a própria instituição que foca mais em seus objetivos e a qualificação mais apurada dos profissionais fornece uma perspectiva melhor. Com isso, seja qual for o governo, se for adotada a federalização de maneira correta e com um currículo convergente com a verdade, teremos resultados assombrosos que não estamos ainda acostumados em nosso país. Já imaginou nosso alunos de ensino médio tendo aula com mestres e doutores? Nossos professores tendo reais incentivos ao desenvolvimento? Quem sabe um dia teremos esse cenário acontecendo. Abraço!
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